O inglês tornou-se a língua hegemônica na atualidade, por ser usada em todos os cantos do planeta e ocupar o status de língua franca. Este fato pode influenciar as pessoas ao escolher uma língua adicional[1] (daqui em diante LA) para aprender, por considerarem o inglês mais importante na hora de conseguir um emprego, por exemplo. Segundo Rajagopalan (2005), a maioria das publicações científicas é publicada em inglês e existem revistas científicas que “sumariamente rejeitam trabalhos submetidos pelo simples motivo de não terem sido escritos em inglês” (RAJAGOPALAN, 2005, p. 136), o que quase se constitui ato discriminatório em relação a outras línguas. É verdade que, em número bastante reduzido, existem aqueles que rejeitam o inglês e com isso criam uma “barreira psicológica contra o idioma e tudo o que ele representa” (RAJAGOPALAN, 2005, p. 140), motivados pelas dúvidas suscitadas a respeito “das pretensões do Grande Irmão do hemisfério norte, pautadas na longa história de intromissões nos assuntos internos dos países” (RAJAGOPALAN, 2005, p. 140).
A oferta de cursos livres de inglês é vasta, assim como é grande a procura desses por pessoas de diferentes idades e classes sociais. Biplan (2005) afirma que o inglês é a regra, uma vez que as conferências são realizadas sempre nessa língua, mesmo estando presentes espanhóis, franceses, italianos ou alemães, isto é, “as línguas nacionais ficaram reservadas ao “off” ou aos momentos de descanso” (BIPLAN, 2005, p. 134). O fato é que tal hegemonia tem como conseqüência a centralização de pesquisas acadêmicas relacionadas a esse idioma, o que deixa as investigações em relação a outras línguas em papéis secundários.
Em relação à língua alemã, embora ela seja um idioma presente em várias áreas do conhecimento na sociedade atual, a exemplo da economia, da filosofia, das ciências sociais e naturais (AMMON, 1991), observa-se que sua aprendizagem ainda se concentra em um número reduzido de estudantes. Além disso, o idioma é marcado por alguns estereótipos que permeiam as representações sociais dos sujeitos, a exemplo de alguns mitos como: para algumas pessoas o alemão é uma língua áspera, para outras é uma língua difícil de aprender e há ainda as que dizem que um alemão parece brigar quando fala (CHOVANIAKOVA, 2008).
Diante dessas representações constituídas socialmente, pergunta-se: o que verdadeiramente motiva as pessoas a aprenderem alemão em Salvador? Será por que o alemão é uma língua com atrativos culturais, como o fato de estar relacionado com a língua de Goethe etc.? Será por que a língua alemã é considerada língua difícil e o seu aprendizado torna-se um desafio intelectual? Poderia ser pelo fato desse idioma ser uma das principais línguas da União Européia? Será que as pessoas aprendem alemão por razões pragmáticas, sem nenhuma relação com o seu uso em suas ações cotidianas, uma vez que o inglês, que tem o status de língua franca, pode ocupar essa posição?
[1] O termo língua adicional será usado em lugar do comumente
chamado “língua estrangeira” ou “segunda língua”. Entende-se que os estudantes
devam estar aprendendo não uma segunda língua, mas um terceiro ou quarto idioma
e o termo “adicional” aplica-se a ambos os termos, exceto à primeira língua.
Além disso, o termo “estrangeiro” sugere às vezes estranhamento ou exotismo,
tendo às vezes conotações indesejáveis.