domingo, 29 de março de 2015

A posição do inglês na atualidade! Qual o lugar das outras línguas?


O inglês tornou-se a língua hegemônica na atualidade, por ser usada em todos os cantos do planeta e ocupar o status de língua franca. Este fato pode influenciar as pessoas ao escolher uma língua adicional[1] (daqui em diante LA) para aprender, por considerarem o inglês mais importante na hora de conseguir um emprego, por exemplo. Segundo Rajagopalan (2005), a maioria das publicações científicas é publicada em inglês e existem revistas científicas que “sumariamente rejeitam trabalhos submetidos pelo simples motivo de não terem sido escritos em inglês” (RAJAGOPALAN, 2005, p. 136), o que quase se constitui ato discriminatório em relação a outras línguas. É verdade que, em número bastante reduzido, existem aqueles que rejeitam o inglês e com isso criam uma “barreira psicológica contra o idioma e tudo o que ele representa” (RAJAGOPALAN, 2005, p. 140), motivados pelas dúvidas suscitadas a respeito “das pretensões do Grande Irmão do hemisfério norte, pautadas na longa história de intromissões nos assuntos internos dos países” (RAJAGOPALAN, 2005, p. 140).

A oferta de cursos livres de inglês é vasta, assim como é grande a procura desses por pessoas de diferentes idades e classes sociais. Biplan (2005) afirma que o inglês é a regra, uma vez que as conferências são realizadas sempre nessa língua, mesmo estando presentes espanhóis, franceses, italianos ou alemães, isto é, “as línguas nacionais ficaram reservadas ao “off” ou aos momentos de descanso” (BIPLAN, 2005, p. 134). O fato é que tal hegemonia tem como conseqüência a centralização de pesquisas acadêmicas relacionadas a esse idioma, o que deixa as investigações em relação a outras línguas em papéis secundários. 

Em relação à língua alemã, embora ela seja um idioma presente em várias áreas do conhecimento na sociedade atual, a exemplo da economia, da filosofia, das ciências sociais e naturais (AMMON, 1991), observa-se que sua aprendizagem ainda se concentra em um número reduzido de estudantes. Além disso, o idioma é marcado por alguns estereótipos que permeiam as representações sociais dos sujeitos, a exemplo de alguns mitos como: para algumas pessoas o alemão é uma língua áspera, para outras é uma língua difícil de aprender e há ainda as que dizem que um alemão parece brigar quando fala (CHOVANIAKOVA, 2008).

Diante dessas representações constituídas socialmente, pergunta-se: o que verdadeiramente motiva as pessoas a aprenderem alemão em Salvador? Será por que o alemão é uma língua com atrativos culturais, como o fato de estar relacionado com a língua de Goethe etc.? Será por que a língua alemã é considerada língua difícil e o seu aprendizado torna-se um desafio intelectual? Poderia ser pelo fato desse idioma ser uma das principais línguas da União Européia? Será que as pessoas aprendem alemão por razões pragmáticas, sem nenhuma relação com o seu uso em suas ações cotidianas, uma vez que o inglês, que tem o status de língua franca, pode ocupar essa posição?




[1] O termo língua adicional será usado em lugar do comumente chamado “língua estrangeira” ou “segunda língua”. Entende-se que os estudantes devam estar aprendendo não uma segunda língua, mas um terceiro ou quarto idioma e o termo “adicional” aplica-se a ambos os termos, exceto à primeira língua. Além disso, o termo “estrangeiro” sugere às vezes estranhamento ou exotismo, tendo às vezes conotações indesejáveis.

O caminho às vezes solitário de um blogueiro



A internet está ai fazendo parte do dia a dia de todas as pessoas. Ela tem promovido as interações entre elas; ela tem aproximado culturas; pessoas têm se encontrado por meio dela. O advento da Web 2.0 veio para juntar o planeta e encurtar as distâncias geográficas e culturais. 



Nesse boom que se tornou as redes sociais, as perspectivas eram que os problemas de solidão teriam chegado ao fim; professores celebraram a parceria da interação face a face ( sala de aula) com mais um artefato cultural ( a internet) que traria fim aos problemas de desmotivação de ensinagem em sala de aula. Afinal a Web 2.0, com seus aplicativos, como facebook, whatsapp, blog, estaria trabalhando com aquilo que interessa ao aluno e, portanto, a interação seria um must



No caso do blog, existe uma pessoa solitária pesquisando, lendo e publicando material para um público diverso. O conteúdo publicado é incerto, não se tem a certeza se foi aceito ou não pelo possível receptor. Caso não se receba um feedback do suposto receptor, fica no ar a angústia e a pergunta sem uma resposta real: fiz a coisa certa? Fui compreendido nos meus objetivos? Esse é o caminho, às vezes solitário, daqueles que se propõem a seguir investindo em um processo educativo.

O contexto da Web 2.0 é um campo fértil e nós professores devemos investir nele. Mas também devemos investir em pesquisas, com a finalidade de melhor aproveitar e entender esse contexto complexo e tão abrangente. Desse modo podemos usá-lo de maneira mais eficaz para que não haja mais nem emissor e nem receptor de conteúdos solitários.


Interação Virtual

A apropriação de qualquer conteúdo, de acordo com a Teoria da Atividade, só é possível pela mediação de um instrumento. Para que essa mediação possa ocorrer é necessário que os instrumentos sejam conhecidos e dominados pelos sujeitos num bom nível de proficiência. Essa é provavelmente a grande diferença entre a sala de aula tradicional e EAD. Na sala de aula tradicional, os instrumentos já são artefatos culturais amplamente conhecidos do aluno, como é o caso, por exemplo, do livro didático, do dicionário, da gramática e mesmo do gravador de áudio e do aparelho de televisão. Em EAD, onde o instrumento de mediação é basicamente o computador, esse domínio nem sempre está assegurado. Esse é um elemento complicador, pois na medida em que o aluno precisa aprender a usar o computador, o que seria apenas instrumento de mediação passa a ser também conteúdo da aprendizagem. Uma diferença fundamental, portanto, entre a aula presencial e a aula a distância, é o domínio que o aluno já possui dos artefatos típicos da sala de aula e a falta desse domínio em EAD. O que a literatura da área tem destacado sobre relação do aluno com o instrumento, na interação virtual, pode ser resumido em dois pontos: (1) nível de experiência do usuário em relação ao computador e (2) problemas de funcionamento do computador. A falta de experiência no uso do computador pode afetar não só o desempenho do aluno no curso mas também sua atitude em relação à tecnologia; o computador, ao contrário de outros artefatos tradicionais, ainda permite que algumas pessoas optem por não usá-lo. Com o livro, por exemplo, essa opção não existe, já que seria muito estranho que alguém optasse por não aprender a ler. Uma atitude negativa parece estar intimamente associada à falta de competência no uso da máquina e vice-versa. A dificuldade e resistência em usar as novas tecnologias, que caracterizam a EAD, e que normalmente não existem na sala de aula tradicional é, portanto, uma primeira diferença.
Texto de autoria do professor Vilson J. Leffa. Para ter acesso ao texto completo clique em INTERAÇÃO VIRTUAL VERSUS INTERAÇÃO FACE A FACE: O JOGO DE PRESENÇAS E AUSÊNCIAS

Etnografia Virtual


Na pesquisa etnografia clássica, o pesquisador se integra à comunidade pesquisada durante um bom período. Ele observa o que está acontecendo, faz perguntas e coleta todos os tipos de dados possíveis. Seria esse tipo de investigação apropriada ao ambiente virtual? Hine (1998) assegura que sim, ao ver a Internet como um contexto social e ao mesmo tempo como um artefato cultural. Ela propõe investigar não somente “como as pessoas usam a Internet, mas também as práticas que tornam aqueles usos da Internet significativos em contextos locais”. Hine (1998, p. 5) afirma que a Internet proporciona conexões complexas e permite ao etnógrafo transitar por vários contextos culturais. Segundo ela, “a idéia de uma etnografia em sites múltiplos é, certamente, provocativa para um estudo de uma tecnologia ubíqua como a Internet”. Ao denominar esse tipo de pesquisa de “etnografia virtual”, Hine (1998) atribui ao termo virtual vários significados: incerteza em relação a tempo, espaço e presença e um certo sentido de incompletude, ou seja, do “quase” em oposição ao estritamente “real”.

Texto de autoria da professora Vera Lúcia Menezes de Oliveira e Paiva. Para acessar o texto todo clique em A pesquisa sobre interação e aprendizagem de línguas mediadas pelo computador.




sexta-feira, 20 de março de 2015

Recebendo o meu diploma...




Hoje à tarde eu recebi o meu diploma brasileiro de especialista em ensino de alemão ( eu tenho outro que é válido na Alemanha). Confesso a vocês que nem o meu diplima de mestre me deixou tão encantado e feliz. À língua alemã eu tenho dedicado muitos anos de minha vida. Tornar-me e ser um professor dessa língua é e tem sido o meu maior orgulho.Quero estar sempre aprendendo e melhorando a cada dia a minha prática pedagógica.


Sonho a todo momento em desenvolver trabalhos voltados para os processos educativos que envolvam o seu aprendizado e a sua divulgação. Não tem sido fácil, haja vista que temos a língua inglesa tomando o espaço das outras línguas, centralizando as pesquisas nas universidades. Contudo, eu ainda alimento e alimentarei sempre esperanças de em breve estar envolvido com trabalhos voltados às pesquisas que tenham como objetivos a ensinagem desse idioma. Espero entrar em um processo de criação de coreografias didáticas que ampliem os caminhos que levam às possibilidades de aprendizagem e divulgação da língua e da cultura alemã, fazendo conexões entre o ambiente da sala de aula e o ambiente virtual.